sexta-feira, 27 de maio de 2016

#CARTAPARABEATRIZ 5

Querida Beatriz,
não sei qual a imagem do seu rosto e nem do seu corpo, não procurei a sua imagem física porque sinto plenamente a sua existência nesse momento.
Sinto que você riu quando criança, ouviu músicas de ótimas bandas (e outras duvidosas), que você comeu bolo feito em casa, que lavou roupa, que pintou as unhas de vermelho, que sentiu calor, frio e medo.
Medo. Humilhação. Descaso. Ódio. Dor.
A dor é sua, mas eu a agarro como minha, pois eu sou você e você é eu.
Somos mulheres. Irmãs. Amigas. Amantes. Mães. Filhas. Primas.
Sua situação é a minha situação. A nossa situação.
Talvez tenha sonhado ontem com você, mas não pude te ver claramente.
Porque era um mar de pranto. Havia milhões, bilhões, trilhões de Seres, de pontos de energia chorando, gritando, explodindo.
Eu corri procurando um apoio, era overwhelming demais, dor demais.
E no centro havia Kali de pé sob milhares de cabeças, incitando a fúria, impulsionando a raiva, exigindo justiça, lutando por respeito com as armas na mão. Não passarão, não passarão, o silêncio acabou.
Minha querida Beatriz, você não está sozinha. Não ceda ao desespero e à indolência do que te faz sofrer.
Te oferecemos as mãos, os pés, o corpo, as palavras, a energia, o Amor.
A vontade de viver. De lutar. De enfrentar.
Eu nunca olhei teus olhos, mas eu te amo.
Estamos juntas, viveremos juntas, morreremos juntas e renasceremos juntas. Para sempre.
Com Amor, Amanda.

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